Bem-Vindo a uma Belém de Trevas


“...E todas as igrejas do mundo continuarão a fechar suas portas quando começar a madrugada. Nelas estarão outros corpos para o apetite dos cães famintos que decerto também comerão das emoções impregnadas na carcaça de alguma alma abandonada na escuridão...”
- Marcos Quinán (Poeta Paraense)

A Belém das Trevas não é a mesma Belém ensolarada que conhecemos, é outra cidade, em outra realidade. É um reflexo turvo e melancólico, onde lendas urbanas podem ser reais e caminhar nas ruas entre as pessoas, dento da noite quente, através da chuva noturna, disfarçadas com uma casca de normalidade. A Belém das Trevas não é alegre e nem iluminada como a Belém real, é uma Belém noir, naturalmente soturna, com as características sinistras realçadas, casarões antigos que guardam segredos bizarros, cemitérios assombrados por fantasmas inquietos e becos escuros que dão a impressão de estarem conectados com outros planos de existência.

A verdade é que Belém é uma cidade de trevas desde sua fundação, há mistérios ancestrais que ultrapassam as barreiras do tempo e refletem o terror de tempos remotos, de antes da existência da cidade, nos dias de hoje (atingindo as pessoas de hoje). É uma cidade construída sobre guerra e sangue, cemitérios indígenas e rituais de magia negra. Os índios falam sobre seres diabólicos que habitavam a mata, que permanecem aqui até hoje, antes entre árvores, hoje entre prédios.


Hoje, Existe uma sociedade oculta em Belém, um trato de coexistência entre todos os seres sobrenaturais capazes de viver em sociedade (ou pelo menos a maioria deles):
  • Mundanos tocados pelo sobrenatural, pessoas que tiveram em algum ponto de suas vidas o contato com o inexplicável, em alguns casos, até desenvolveram aspectos inexplicáveis, como os mediúnicos e clarividentes.
  • Vampiros, nem vivos e nem mortos, elegantes, sensuais, dissimulados, como parasitas, sugam o sangue das pessoas para darem continuidade a sua existência deprimente e viciosa.
  • Prometeanos, um aglomerado nauseantes de pedaços de cadáveres, unidos com um tipo de alquimia ancestral. Apesar de não terem alma, e de suas emoções e atitudes serem apenas um reflexo mecânico da artificialidade da matéria pútrida da qual são feitos, são, de longe, os que mais desejam descobrir o sentido da própria existência.
  • Devoradores de Pecados, renascidos, atados a entidades fantasmagóricas bizarras. Pessoas desgraçadas marcadas pelo conceito da morte desde que nasceram pela primeira vez até depois do dia em que morreram pela primeira vez. Estão entre o plano dos vivos e o plano dos mortos, atormentados por almas penadas perturbadoras.
  • Lobisomens, máquinas destrutivas de fúria, mas com uma essência poética em perfeita harmonia com a natureza primordial da qual pertencem. Renegados pelas próprias origens, reproduzindo o mesmo trabalho ancestral geração após geração, protegendo as fronteiras entre o plano material e o plano espiritual.
  • Caçadores, pessoas convictas, quase obcecadas pelo sobrenatural, que optaram por deter tudo que for perigoso pra sociedade humana, mesmo que pra isso, ironicamente, tenham que se aliar com seres inumanos.
  • Magos, eruditos, que atingiram um grau de conhecimento que transcende o que uma pessoa comum poderia compreender, estão conectados com a essência da existência de todas as coisas, capazes de dobrar a realidade assim como nós a conhecemos.
  • Imortais, pessoas que optaram por um caminho de violência e magia sanguinária, onde precisam botar em risco a própria concepção de moralidade em troca de uma vida perpétua.
  • Changelings, perdidos entre dois mundos, esquisitos e paranoicos, fugindo do cativeiro de monstros inumanos lendários, criaturas feéricas que mudam de cultura para cultura, neste caso, talvez os mesmos monstros das lendas indígenas amazônicas que atravessam as barreiras do tempo.
Além dessas, existem tantas outras criaturas sombrias quanto se possa imaginar, ocultas, espreitando em cada esquina, esperando o momento certo de se revelar.

Seja bem-vindo, se é que se pode 
desejar algo de bom para quem entra nas trevas.

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